sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A força do estímulo e as complexidades da casualidade


        "[...]O homem não é uma máquina. Não pode sentir o papel da mesma forma cada vez que o interpreta. Não pode ser movido cada vez pelos mesmos estímulos criadores. A avaliação de ontem não é exatamente a mesma de hoje. Haverá mudanças infinitesimais de atitude, quase imperceptíveis e isso, frequentemente, é o estímulo principal para a criatividade de hoje. A força desse estímulo está em sua novidade, em seu caráter inesperado."
        "Todas as inúmeras complexidades da casualidade, pela influência do tempo, da temperatura, da luz, da comida, a combinação de circunstâncias externas e internas, afetam, em maior ou menor grau, o estado interior do ator. Por sua vez, o estado interior do ator afeta sua relação com os fatos. Sua capacidade de aproveitar-se todo o tempo dessas mutáveis complexidades, seu poder de renovar seus estímulos por novas sendas, tudo isso é parte importante da técnica interior do ator. Sem esta faculdade, o ator pode perder o interesse em seu papel depois de poucas apresentações, pode perder contato com os fatos e acontecimentos vivos e ficar privado de sua noção quanto à importância deles."

(Constantin Stanislavski em A Criação de Um Papel, páginas 60-61)

Post: Alex Merino