sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Chê Guevara - Hasta la victoria siempre

"Agora, esta massa anônima, esta América de cor, sombria e taciturna, que canta em todo o continente com a mesma tristeza e desilusão, agora esta massa é a que começa a entrar definitivamente na sua própria história, começa a escrever com seu sangue, começa a sofrer e a morrer. Porque agora pelos campos e as montanhas da América, pelas encostas das suas serras, pelas suas planícies e suas florestas, entre a solidão ou o tráfego das cidades, nas costas dos grandes oceanos e rios, começa a estremecer este mundo cheio de corações, com os punhos quentes de desejo de morrer pelos outros, de conquistar os seus direitos, negados durante quase 500 anos, por uns e por outros. Porque esta grande humanidade disse "basta!" e começou a avançar. E a sua marcha de gigante, já não pode parar até conquistar a verdadeira independência, por aqueles que morreram mais uma vez inutilmente. Agora, de qualquer forma, aqueles que vão morrer, morrerão como os de Cuba, na Playa Giron, morrerão pela sua única, verdadeira e irrenunciável independência."


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Francisca Julia e Philadelpho E. Munster dançam no Cemitério do Araçá



História da "Musa Impassível", que hoje se encontra na Pinacoteca

A escultura foi feita por Victor Brecheret, também responsável pelo Monumento as Bandeiras, que fica em frente ao Parque Ibirapuera. Antes de ir para a Pinacoteca, a Musa adornava o túmulo da poetisa Francisca Júlia, no Cemitério do Araçá (na Dr. Arnaldo), que faleceu no dia 1 de novembro de 1920.


Francisca Júlia da Silva nasceu em 1871 na antiga Vila de Xiririca, hoje município de Eldorado, interior de São Paulo. Ela se mudou aos 8 anos de idade para São Paulo, e já demonstrava um grande talento com as palavras. Aos 14 anos começou a escrever versos para o jornal O Estado de S.Paulo, Correio Paulistano e para o Diário Popular.

Seu primeiro livro, “Mármores”, foi lançado em 1895, com muitos elogios da crítica - e não custa lembrar que era uma época em que as mulheres tinham pouca ou nenhuma voz. Nesse livro se encontra um poema, Musa Impassível, reproduzido aqui embaixo.


Após lançar em 1899 o "Livro da Infância", para rede de escolas públicas de São Paulo, a poetisa se tornou precursora da literatura infantil no Brasil. Em 1909 ela se casou com o telegrafista da Estrada de Ferro Central do Brasil, Filadelfo Edmundo Munster, que foi diagnosticado com tuberculose em 1916 e veio a falecer em 1920.

Poucas horas após o seu falecimento, Francisca Júlia foi encontrada morta no quarto do marido. Apesar de ter sido cogitada a hipótese de suicídio, a história que seguiu era de que a poetisa havia morrido de amor.

Após a sua morte, um grupo de intelectuais liderado pelo senador e mecenas José Freitas Valle, entrou em contato com o Presidente do Estado de São Paulo, Washington Luís, para encomendar uma escultura que estaria à frente do túmulo da poetisa. Com a autorização em mãos, Freitas Valle contactou o jovem escultor brasileiro que estudava em Paris, Victor Brecheret.

"Brecheret realizou o trabalho de 1921 a 1923 em Paris. O resultado não poderia ser melhor. Uma linda escultura envolvida por sensualidade. Olhos fechados que nos remete a querer esquecer a dor da morte. Seios grandes e fartos para afirmar a importância da mulher na sociedade. Dedos e braços longos e delicados simbolizando a força e a superioridade de uma mulher que abriu segmento na literatura feminina. Nascia a Musa Impassível"

A escultura foi instalada em seu túmulo em 1923 e por ali residiu até começarem ser percebidos os danos causados pela urbanização da cidade, principalmente pela chuva ácida. Em 13 de dezembro de 2006, 83 anos depois de sua instalação, a escultura foi retirada com a ajuda de 15 pessoas e um guindaste.


Saindo do mundo dos mortos para o mundo dos vivos, a escultura chega finalmente à Pinacoteca, e no lugar da escultura original, foi colocada uma réplica em bronze.