segunda-feira, 8 de julho de 2013

Impressões - Vanessa Macedo

Um relato sobre Colônia Penal, da Cia Borelli

Cada vez que vou ao teatro tenho o desejo de ser capturada. Não sei exatamente para que lugar, mas conheço a sua potência em nos invadir. Isso tem sido coisa rara, muito rara. Por isso tive vontade de falar e agradecer à Cia Borelli pelo trabalho Colônia Penal. 

São lágrimas secas que chegam sem avisar e não fazem alarde. Ao que tudo indica, contradizendo algumas fortes tendências da arte contemporânea, talvez possamos dizer que essa obra se constrói numa narrativa linear, ou até mesmo literal. Isso porque tem um foco claro, dispensa release, conversa pós-espetáculo, ou o famoso “não entendi nada”, daqueles que não se sentem contemplados ao assistir dança contemporânea. Talvez não nos dê aquela sensação de múltiplas possibilidades de interpretação, como estamos nos acostumando a ter (até quando não reconhecemos possibilidade alguma). O que nos permite são várias portas de acesso a questionamentos sobre nós, seres humanos. Não só o sentimento de indignação, mas o sentimento de dor por nos reconhecermos ou nos estranharmos como parte dessa sociedade em que vivemos. Obrigada Sandro e Cia pela invasão no meu íntimo, pela ruptura sem anestesia.... tão necessária para nos sentirmos vivos.

Vanessa Macedo
07 07 2013

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