segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Na Colônia Penal – Franz Kafka



O conto metafórico de Kafka nos remete a reflexão sobre os regimes ditatoriais, cujo poder, em vez de distribuído na estrutura jurídica, é concentrado em pessoas. A história ocorre em uma Colônia Penal sob os olhos de um visitante, convidado a acompanhar o processo de torturas e execuções. Sem poder expressar a sua opinião a respeito do que estava presenciando, o observador procurou manter-se fora do contexto, apesar de insultado e provocado pelo oficial juiz e executor. Os interesses eram divergentes. Enquanto o observador analisava o processo para compará-lo ao usado em seu país, o oficial almejava a sua concordância, com o intuito de ganhar apoio para a manutenção do método, em razão da existência de um novo comandante na Colônia Penal que havia insinuado o desejo de alterar o antigo procedimento. Durante uma das torturas, questionado sobre o crime praticado pelo condenado, o oficial juiz informou que o indivíduo havia dormido em serviço. Neste caso, a pena imputada, por ele, foi tortura seguida da execução. Torturar, na Colônia Penal, quer dizer: escrever a sentença, no corpo do condenado, utilizando-se agulhas presas em uma espécie de rastelo ligado a uma máquina que se encarregava de deslizar no corpo imobilizado do sujeito. Sem esboçar qualquer reação, o sentenciado era amarrado na sofisticada máquina, e, só depois de colocada para funcionar, a sentença era escrita, de forma cruel, no corpo desnudo, durante aproximadamente sete horas. O sangue jorrava, se misturava com água e escorria para o fosso. Depois de tatuada a sentença, a máquina concluía o procedimento executando o condenado. Não bastava condenar por banalidades, mas, torturar e executar, lentamente, de forma sádica. Ao perceber que não teria o apoio do visitante e a discordância do novo comandante da Colônia Penal na defesa do método, o oficial juiz fez uso da geringonça que havia inventado e aperfeiçoado para o seu próprio fim. Aguardou deitado, calmo e convicto a ponta do estilete, preso no rastelo, atravessar a sua testa.

Kafka lembra metaforicamente os crimes praticados pela humanidade e antevêem, em 1914, outras atrocidades praticadas na Segunda Guerra Mundial. Induz, ainda, à reflexão que a consciência pune os indivíduos envolvidos em atos e ações desastrosas, a exemplo das praticadas no holocausto. Deixa, também, uma mensagem escrita em letras pequenas, para que todos necessitem se ajoelhar para lê-la, na lápide do antigo comandante que havia ajudado a criar o torturante procedimento: "Aqui jaz o antigo comandante. Seus adeptos, que agora não podem dizer o nome, cavaram-lhe o túmulo e assentaram a lápide. Existe uma profecia segundo a qual o comandante, depois de determinado número de anos, ressuscitará e chefiará seus adeptos para a reconquista da colônia. Acreditai e esperai!"

Esta última metáfora, escrita na lápide, remete à convicção que os crimes e as torturas voltam a acontecer e que é sempre bom lembrar a necessidade da vigilância social e política. Há sempre adeptos da tortura, do autoritarismo e a crença da reencarnação. 

Informações sobre o autor - Franz Kafka nasceu em Praga a 3 de julho de 1883. Filho de um abastado comerciante judeu cresceu sob as influências de três culturas: a judia, a tcheca e a alemã. Formado em direito, ele fez parte, junto com outros escritores da época, da chamada Escola de Praga. Esse movimento era basicamente uma maneira de criação artística alicerçada em uma grande atração pelo realismo, uma inclinação à metafísica e uma síntese entre uma racional lucidez e um forte traço irônico. 

Referência bibliográfica
Kafka, Franz.
Na colônia penal / Franz Kafka; tradução Modesto Carone. - Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. - (Coleção Leitura)
51p. 
ISBN 85-219-0223-9
1. Ficção alemã I. Título. II. Série

FONTE: http://visaoliteraria.blogspot.com.br/2009/12/na-colonia-penal-franz-kafka.html


domingo, 30 de dezembro de 2012


Todo mundo tem que ver ao menos uma vez na vida!

"Muito além do cidadão Kane"

http://www.youtube.com/watch?v=TJ0M6N4Wh8s
Câmara instala painel de 5 metros em homenagem aos torturados (Dezembro 2012)

‎"Ele conta que procurou registrar o sofrimento humano em situações extremas, com foco especial nas mulheres. Uma das homenageadas é Dodora, codinome de Maria Auxiliadora Barcelos, que foi militante e companheira de cela da presidente Dilma Rousseff. Depois de libertada, ela não suportou conviver com a memória do cárcere e deu fim à vida. Ao lado de sua assinatura, Andreato registrou: “DoDORa”."

http://blogs.estadao.com.br/joao-bosco/camara-instala-painel-de-5-metros-em-homenagem-aos-torturados/

 

sábado, 29 de dezembro de 2012

Rondó da Liberdade - Carlos Marighella


Rondó da Liberdade

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.

Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

O homem deve ser livre...
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

LIBERDADE, POEMA DE CARLOS MARIGHELLA

LIBERDADE

Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome”

Carlos Marighella, São Paulo, Presídio Especial, 1939.

Entrevista com Mariguella - áudio e texto (1967)

Em 1967, de Cuba, Marighella convocou o povo brasileiro para pegar em armas e lutar contra a ditadura militar.

Se estivesse vivo, o fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Marighella, completaria 100 anos nesta segunda-feira (05/12/2011). Um dos principais arregimentadores da luta armada no Brasil, o revolucionário defendia a guerrilha como única forma de superação da ditadura e da influência Norte-Americana no país. Suas posições políticas e seu conflito com o Partido Comunista Brasileiro foram expostas numa entrevista veiculada pela rádio Havana (Cuba) em 1967, logo após a realização da primeira Conferência da OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade), onde métodos para a revolução em países latinos foram debatidos.

A entrevista foi ouvida no Brasil por alguns militantes de organizações de esquerda que sintonizavam a rádio Havana em ondas curtas. Ela serviu como fonte de mobilização para jovens que estavam dispostos a pegar em armas na luta contra a ditadura.

Trechos dessa entrevista foram publicados em trabalhos acadêmicos e livros sobre a ditadura. O áudio com a íntegra, contudo, ficou perdido por anos. O material foi recuperado recentemente, durante pesquisas feitas por uma das militantes que trabalhou na construção da ALN, Iara Xavier. Ela é irmã de Iuri Xavier - que foi um dos líderes da ALN assassinado pela ditadura em 1972.


http://www.youtube.com/watch?v=J3CFHY_hwQk

Pergunta: Um telegrama da agência de notícia francesa France Press, fechado hoje no Rio de Janeiro, disse assim: Carlos Marighella será expulso por indisciplina do comitê central do Partido Comunista Brasileiro, informa hoje a imprensa de Brasil. Os diários locais, que se baseiam em informações de recorridas em organismos de segurança brasileiros, indicam que essa decisão do PCB foi motivada pelo fato de Marighella ter ido à Havana para assistir à Conferência da OLAS, Organização Latino-Americana de Solidariedade. Precisamente nos encontramos sentado à frente de Marighella, no seu quarto no hotel Habana Libre, para que nos dê sua resposta a este telegrama e ao tempo nos fale a respeito da situação atual do seu País.

Carlos Marighella: O que tenho a explicar ao povo Cubano é que estes telegramas indicam apenas que os periódicos brasileiros procuram utilizar-se do episódio da minha vinda a Cuba para fazer provocações contra os revolucionários. A notícia de que eu serei expulso do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro ou do Partido Comunista Brasileiro por indisciplina é baseada no fato de que foram obtidas informações nos organismos de segurança brasileira, quer dizer, dos organismos policiais, que não podem realmente saber de nada. De qualquer maneira, como tenho uma posição divergente em relação à direção do Partido Comunista Brasileiro, pois sou partidário da luta de guerrilhas como caminho para solução dos problemas do nosso povo, creio que seria ridículo expulsar um revolucionários somente porque veio a Cuba trazer a solidariedade do povo brasileiro à revolução cubana e à Primeira Conferência de Solidariedade Latino-Americana. Quanto à questão levantada nestes telegramas, que noticiam as posições dos jornais brasileiros que pertenço a uma fração do partido Comunista juntamente com outros camaradas, no sentido de desrespeitar as decisões do Partido Comunista Brasileiro, porque somos favoráveis à luta armada, devo esclarecer ao povo cubano que não pertenço a nenhuma fração. Sou o primeiro-secretário do Partido Comunista em São Paulo, do Comitê Estadual do Partido Comunista em São Paulo, e não tenho nenhuma necessidade de organizar grupo, fração, nem mesmo de organizar um novo partido comunista, porque já temos em nosso país muitas organizações. Há grande confusão ideológica, muita gente que pretende atribui-se a condição de líder, de dirigente, mas tudo isto baseado em declarações, na elaboração de informes, na realização de reuniões, quando o fundamental para nós no Brasil é passar para a ação, desencadear a luta armada. É organizar a luta de guerrilhas. Somente em torno da luta de guerrilhas, somente em torno de um caminho revolucionário como esse é que se pode realizar a unidade dos revolucionários, a unidade do povo brasileiro. Assim, seria perder tempo participar de frações, tentar organizar novos partidos se percorrer um caminho convencional que não nos ajudará em coisa nenhuma e que só nos levará a passar ainda mais anos dentro da pasmaceira em que nos encontramos atualmente. Não. Minha posição e a dos camaradas que estão com a mesma disposição que tem a mesma convicção é exatamente a da preparação da luta armada, do desencadeamento da luta de guerrilhas e da concentração de todos os esforços nessa atividade. Era isso que tinha a esclarecer.

Pergunta: Marighella, existem no Brasil forças revolucionárias capazes de resistir à ditadura de ir à luta armada contra o regime?

Marighella: Sim. Existem essas forças. As forças revolucionárias capazes de resistir à ditadura e ir a uma luta armada contra o regime encontram-se dentro do Partido Comunista Brasileiro e fora do mesmo partido. Há várias organizações, agrupamentos, correntes e forças outras que defendem uma posição revolucionária que estão dispostas a ir à luta armada, que têm a convicção de que o caminho brasileiro para a salvação de nosso povo é a luta armada, e que podem realiza-la. Quando existem condições tais como as que se apresentam em nosso país essas forças revolucionárias são criadas praticamente dia-a-dia e hora-a-hora. O que é necessário é passar para a ação. Fazer com que essas forças se coordenem no mesmo sentido e que passem no desencadeamento da luta e se prepararem. Que vão, portanto, à área rural, que é onde nós podemos, no Brasil, desenvolver a luta que pode ser apoiada pelos trabalhadores, por todo o povo dentro das áreas urbanas e, nesse sentido, marchar para conseguir a vitória que no Brasil só poderemos conseguir se juntarmos esse nosso esforço ao esforço de todos os outros povos Latino-Americanos.

Pergunta: Agora a gostaríamos de perguntar a cerca da responsabilidade que corresponde ao PCB ante ao golpe militar de 1964?

Marighella: Não há propriamente responsabilidade do Partido Comunista Brasileiro em relação ao golpe militar de 1964. A responsabilidade, se quiséssemos falar assim, maior, realmente cabe à direção do Partido Comunista Brasileiro. Por que a direção do Partido Comunista Brasileiro cabe orientar as bases, traçar os planos e orientar todo o povo, dar as diretivas necessárias para que a luta seja enfrentada. Ora, a direção do PCB seguiu um caminho de submissão à liderança da burguesia. Confiava que os generais brasileiros pudessem vir a resolver a situação do povo. Confiavam num dispositivo militar. Realizava, na verdade, ou propunha a realização, de um trabalho de cúpula nos altos níveis das organizações. Não era trabalho realizado pela base, em que o povo participasse diretamente de baixo para cima e, por tanto, um trabalho que tivesse estrutura firme em que o proletariado, o campesinato, as forças de massas do Brasil estivessem mesmo atentas para a situação. Então, a direção do nosso partido era direção que estava se conduzindo com base de ilusões de classe, de ilusões com a burguesia. Evidente que com essa posição deixou o povo brasileiro inteiramente despreparado e, quando sobreveio o golpe militar de 1965, evidente que não havia condições para a resistência. O povo se encontrava na rua. Não tinha armas, entretanto. E não havia ação daquelas forças do governo e da burguesia que o partido, ou melhor, a direção do partido, sustentava que iriam reagir. O resultado é que inteiramente desprevenidos e despreparados com todas as ilusões que haviam sido defendidas pela direção do partido, ficou todo o povo brasileiro impossibilitado de impedir que o golpe se concretizasse, como acabou se concretizando. Esse é o caso típico de uma lição, de um ensinamento que se pode obter exatamente pelo fato de que a liderança comunista deixa de acreditar no proletariado como força dirigente da revolução, deixa de acreditar no aliado fundamental do proletariado, que é o campesinato, para lançar-se de mãos e pés amarrados diante da burguesia. Sem condições, portanto, de impedir o golpe que fatalmente virá em quaisquer circunstâncias sempre que o Partido Comunista não se preparar para a luta armada e não se preparar para organizar as forças armadas do povo, que é a única coisa que pode deter a posição, a ação dos imperialistas Norte-Americanos contra a liberdade do povo brasileiro ou dos povos da América-Latina.

Pergunta: Que forças revolucionárias e que tipo de organização crê o senhor lograria a aliança armada entre trabalhadores e campesinos que se faz necessária para chegar a criar o núcleo do exército de liberação brasileiro?

Marighella: O que nós revolucionários comunistas estamos empenhados na luta armada e temos a forte convicção que só a luta armada resolverá a questão brasileira, o que nós revolucionários, o que nós comunistas estamos pensando, é que em face da situação brasileira e das organizações que ali existem, o que deveríamos fazer é procurar lançar a luta de guerrilhas na área rural do País sem nos preocuparmos em que qualquer das organizações existentes tomasse a inciativa. Não se trata que esta luta armada, que essa guerrilha no Brasil tenha que ser organizada somente pelo Partido Comunista Brasileiro ou por qualquer outra organização existente dentre as que atuam no Brasil, sejam as organizações dos partidários de (Leonel) Brizola, de (Miguel) Arraes, do (Francisco) Julião, da Ação Popular, da POLOP, da Política Operária e mesmo das organizações da esquerda católica. O problema não se situaria, portanto, na situação agora de uma organização que fosse dar a diretiva de luta armada, mas começar a luta armada com os revolucionários de dentro e de fora do partido, e de todas as organizações que estejam dispostas dentro de um plano estratégico político global, a iniciar a luta. Fazer com que esta luta armada, que no caso brasileiro, como no caso Latino-Americano, penso, tem que ser a luta guerrilheira. Fazer com que essa luta tenha um caráter duradouro, que dure, que tenha continuidade, ainda que a principio seja luta que não mobilize um grande número de homens, mas que possa obter êxito iniciais e manter-se e implantar-se na área rural do país. Isso dará confiança ao povo brasileiro e essa luta progredirá. E nessas condições, então, no processo, será possível criar-se a verdadeira organização revolucionária capaz de levar a vitória ao povo brasileiro através da luta de guerrilha.

Pergunta: É possível lutar pelas reformas de base de forma pacífica em um Brasil governador por gorilas?

Marighella: Não. Não é possível lutar por essas reforma através do caminho pacífico num Brasil com a ditadura que tem no presente momento. Já anteriormente, quando havia o governo de João Goulart, nós seguimos, ou melhor, nosso partido, sua direção, enfim, os revolucionários no Brasil seguiram esse caminho, de lutar pela reforma de base pelo caminho pacífico e sob a liderança da burguesia. Isso nos levou a um fracasso completo e total, porque nas condições atuais, a burguesia no Brasil ou em outros países não tem condição de dirigir uma revolução. E não há condições também, no momento em que o imperialismo lança mão de sua estratégia global, não há condições para se obter uma vitória pacífica através dessa luta pela reforma. As reforma de estrutura, de base, que necessitamos no Brasil, e de que necessitamos em muitos países da América-Latina, só se pode conseguir através da luta revolucionária. Ou melhor, através da tomada do poder pela via revolucionária. Quando somente então, e com forças armadas do povo em ação, podemos dominar a ação das forças reacionárias, a ação do imperialismo e realizar então essas reformas e levar o País até o socialismo. Fora disso não é possível. E a lição que recebemos no Brasil e uma lição que pode servir para os demais povos da América-Latina.

Pergunta: Marighella, por último, gostaríamos perguntar o seguinte: que espera o movimento revolucionário brasileiro desta primeira conferência da OLAS?

Marighella: Para o povo brasileiro a primeira Conferência de Organização Latino-Americana de Solidariedade, OLAS, significa muito, significa mesmo o passo mais avançado que já foi dado na América-Latina, para que reunamos todas as nossas forças num plano estratégico global visando obter a liberação de nossos países do julgo do imperialismo Norte-Americano. Somente agora, e depois que a revolução cubana conseguiu sua grande vitória, e se encaminhou pelo terreno da construção do socialismo no primeiro país da América-Latina, tornou-se possível congregar todos esses esforços, dos revolucionários de toda a América-Latina, como acontece agora nessa primeira Conferencia da Organização Latino-Americana de Solidariedade para enfrentar a estratégia global do imperialismo Norte-Americano. Espero que o movimento revolucionário brasileiro saberá compreender a importância dessa primeira Conferência Latino-Americana de Solidariedade e que se junte aos esforços que todos fazemos no sentido que, como disse o comandante Che Guevara, criar um, dois, três, muitos Vietnãs.

FONTE: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/100-ano-de-marighella-ouca-entrevista-historica-do-guerrilheiro/n1597396319790.html

Racionais grava Marighella




Marighella no Cinema


http://www.youtube.com/watch?v=6Hc7HeRY264

domingo, 16 de dezembro de 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

By Michal Trpak



Post: Alex Merino

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Rapto de Proserpina



O Rapto de Proserpina é uma escultura de Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), considerado um dos maiores artistas do século XVII, tendo seu trabalho quase todo centrado na cidade de Roma.

O mito romano do rapto de Proserpina por Plutão é uma lenda que também aparece na cultura grega, onde Plutão se chama Hades e Proserpina é Perséfone, que encantou o obscuro deus com sua beleza, filha da deusa das colheitas Deméter. Ela é então raptada e levada para as profundezas da Terra, deixando sua mãe enfurecida. O rapto fez com que Deméter castigasse o mundo, arrasando com as plantações, entregando o mundo ao caos e à fome. Conta-se que Perséfone não podia comer nada que lhe fosse oferecido ou ela nunca mais voltaria para casa. Enquanto Zeus tentava convencer Plutão a liberar a moça, Perséfone comeu algumas sementes de romã, selando o seu destino. Assim, ela se viu obrigada a casar com Plutão, o que deixou Deméter ainda mais furiosa.

Zeus teria então interferido. Perséfone passaria metade do ano com o marido e a outra metade com a mãe. Dessa maneira, Deméter aceitou e assim os gregos explicavam as épocas do ano. Quando era verão e primavera, sua filha estava ao seu lado. No inverno e no outono, épocas frias, sem colheitas, Perséfone estava com o marido.

A obra encontra-se na Galleria Borghese, em Roma.

Post: Alex Merino

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Auguste Rodin / I Am Beautiful



Post: Alex Merino

A ESPERTEZA INÚTIL DE SÍSIFO

A INÚTIL TAREFA DE SÍSIFO
por Anderson Francisco
FONTE: obvious

Uma das grandes heranças que os antigos gregos deixaram para a humanidade foi sem dúvida a riqueza de sua mitologia. Dentre esses mitos, um nos convida a refletir sobre nossa atitude diante da inevitabilidade da morte: o mito de Sísifo.

O suplício de Sísifo - Franz von Stuck (1863/1928)

Conta o mito que Sísifo foi fundador e rei da atual cidade grega de Corinto. Certo dia, Sísifo viu quando Zeus sequestrou a filha de um outro rei grego e denunciou o Senhor do Olimpo ao pai da moça. Zangado, Zeus manda Tânatos (a morte) atrás de Sísifo que, além de conseguir fugir da morte, ainda a aprisiona. A partir daí, ninguém mais morreu e Hades, Senhor do Reino dos mortos, foi queixar-se a Zeus que acabou libertando Tânatos.

A morte, então, conseguiu capturar Sísifo e levou-o ao mundo dos mortos. O que nem Tânatos nem Hades sabiam é que Sísifo havia ordenado a sua esposa que ela não prestasse a ele as homenagens fúnebres de costume. Sísifo não pode, dessa forma, ser recebido na morada dos mortos e propôs a Hades que o deixasse voltar ao convívio dos vivos para resolver o problema e castigar a esposa por tão grande desonra. Resultado: Hades consentiu e Sísifo, mais uma vez, escapuliu. Não é a toa que Sísifo ficou conhecido como o mais esperto entre todos os homens.

E com tanta esperteza, Sísifo viveu até a mais avançada velhice, quando morreu naturalmente. De volta ao reino de Hades, recebeu como castigo a tarefa de rolar uma enorme pedra até o cume de uma montanha; mas sempre que chegava lá a pedra rolava montanha abaixo e ele tinha que recomeçar sua tarefa por toda eternidade.

Hades e Perséfone em seu palácio - © Kathleen Cohen, World Art Database

Assim como Sísifo, muitos são os que tentam fugir da morte tentando os mais diversos caminhos. O problema é que, qualquer que seja o caminho tomado, sempre vai acabar no mesmo lugar: na "curva da estrada", como disse Fernando Pessoa. Nenhuma das artimanhas de Sísifo impediu que, no fim da vida, também ele contornasse essa “curva”. Fugir da morte é inútil, assim como inútil é a tarefa que Sísifo executa empurrando a pedra montanha acima. Eis o sentido do seu castigo: lembrar-lhe – e lembrar-nos também – a inutilidade de sua “esperteza” durante a vida.

Aceitar a inevitabilidade da morte, porém, não é o mesmo que sentar-se e esperar que ela nos venha visitar. O que fazer, então? Uma resposta possível está no que disse o filósofo romano Lúcio Sêneca: “deve-se aprender a viver por toda a vida e, por mais que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer”. A vida é para se aprender a viver, a amar – como disse dom Hélder Câmara, por exemplo – mas também para se aprender a morrer. E é isso que nos falta, aprender a morrer, não no sentido de suicidar-se, mas no de preparar-se para ela. Aprender a caminhar até a “curva da estrada”, sem pressa, sem, todavia, deter-se pelo caminho.

Há um poema do pernambucano Manuel Bandeira que retrata bem o sentimento de quem chegou a esse aprendizado. Diz Bandeira:

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Empenhar-se em fugir da morte é tomar para si a tarefa estéril de Sísifo, empurrando a pedra montanha acima para logo em seguida vê-la rolar montanha abaixo. Não se pode enganar a morte, como pensou Sísifo. Cabe-nos, então, cuidar para que, findado o nosso caminho, ela nos encontre “com cada coisa em seu lugar”, talvez com medo, talvez sorrindo, porém caminhado, no momento em que contornaremos a curva derradeira.

Post: Alex Merino

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A força do estímulo e as complexidades da casualidade


        "[...]O homem não é uma máquina. Não pode sentir o papel da mesma forma cada vez que o interpreta. Não pode ser movido cada vez pelos mesmos estímulos criadores. A avaliação de ontem não é exatamente a mesma de hoje. Haverá mudanças infinitesimais de atitude, quase imperceptíveis e isso, frequentemente, é o estímulo principal para a criatividade de hoje. A força desse estímulo está em sua novidade, em seu caráter inesperado."
        "Todas as inúmeras complexidades da casualidade, pela influência do tempo, da temperatura, da luz, da comida, a combinação de circunstâncias externas e internas, afetam, em maior ou menor grau, o estado interior do ator. Por sua vez, o estado interior do ator afeta sua relação com os fatos. Sua capacidade de aproveitar-se todo o tempo dessas mutáveis complexidades, seu poder de renovar seus estímulos por novas sendas, tudo isso é parte importante da técnica interior do ator. Sem esta faculdade, o ator pode perder o interesse em seu papel depois de poucas apresentações, pode perder contato com os fatos e acontecimentos vivos e ficar privado de sua noção quanto à importância deles."

(Constantin Stanislavski em A Criação de Um Papel, páginas 60-61)

Post: Alex Merino

quarta-feira, 27 de junho de 2012

arremesso de disco


http://youtu.be/Z11_AMhULOM

Post: Alex Merino


Lovers of Valdaro



"Amantes de Valdaro," é um par de esqueletos humanos, trancados em um abraço eterno, enterrado há 5 ou 6 mil anos, descoberto por arqueólogos em um túmulo Neolítico em S.Giorgio, perto Mantova, Itália, em 2007. A arqueóloga Elena Menotti liderou a escavação. Os cientistas acreditam que o par é um homem e uma mulher, com idade inferior a 20 anos. Em vez de recolher e separar todas as peças dos corpos, vão manter o casal unido e transportar os dois inteiros para serem examinados, para depois serem exibidos em um museu italiano.

Post: Alex Merino

terça-feira, 26 de junho de 2012

por Bianca Ribeiro

(apresentação em São Carlos, SP, em 22/06/2012)

"Se o título "Produto Perecível Laico – Uma trágica e alucinada dança dos que morrem", como uma leitura do poema “A morte” de Cruz e Souza, sugeria um espetáculo denso e desesperado em torno de um dos temas que mais afligem os homens, é surpreendente a possibilidade de encontrar leveza na apresentação. Antes de tudo, A Cia Borelli mostra a morte como uma dança, e não, a meu ver, uma dança alucinada, mas uma dança fluida, sem resistência, sem a alucinação angustiada, numa coreografia harmonizada. A música também não era em absoluto dissonante, nem estridente, mesmo que acompanhada de ruídos que poderiam ser uivos, mas também poderiam ser sopros, poderiam ser os últimos (e libertadores) expiros. E sobretudo havia algo de Bach, havia os violinos que Cruz e Souza tanto amava. A escuridão, a sobriedade do figurino e a neutralidade da expressão dos atores eram mais sugestivas que comunicativas, tendo como grande mérito permitir várias leituras, em vez de fornecer respostas. A relevância dessa leitura de Cruz e Souza nos dias de hoje é justamente a de estetizar a morte, angustiante para o ser humano, sobretudo atualmente em que há dificuldade de estabelecer uma relação significativa com o tempo. Por mais que o tema tente ser evitado na sociedade atual ou ainda seja banalizado em estéticas mercadológicas, ele é inevitável e pede constante ressignificação porque faz parte da condição humana. Ao estetizar essa condição, a Cia Borelli propõe uma nova via de significação que sai dos limites do controle religiosos da simbolização unívoca, talvez por isso o qualificativo “laico” do título. O fato é que a Cia faz uma leitura extremamente coerente do poema de Cruz e Souza inclusive nos termos da estética simbolista que o poeta se insere. O caráter sugestivo do espetáculo permitiu aos espectadores preencherem com seu próprio repertório as possibilidades de sentido sobre a morte que ali foram encenadas, o que, em um mundo que é atropelado pelo excesso de atividade, informação e perda da significação do tempo, ou da experiência, tal como aponta Walter Benjamin, faz-se fundamental nos dias de hoje."

Post: Alex Merino

segunda-feira, 18 de junho de 2012

segunda-feira, 11 de junho de 2012

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Imagem



Post: Alex Merino

sexta-feira, 1 de junho de 2012

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A dança dos Dervishes


(pintura de Stanislav Plutenko)

Os Dervishes são homens vestidos com uma espécie de saia longa, branca, e um chapéu cônico como só os turcos usam. Rodopiam imóveis sem outro movimento que não seja o de girar sobre seu eixo. "Dançam" com música ao vivo. Giram sobre um eixo imaginário durante minutos sem sair do lugar e sem aparente tontura. Dizem que isto altera seu estado mental e, através deste estado, entram ou esperam entrar em contato com sua divindade. O ritual tem a ver com uma seita islâmica mística dos suflis, originária da Turquia. Seus "dançarinos" tem grande prestígio justamente por seus “contatos com os deuses ” e pelas visões e revelações, enquanto giram centenas de vezes sem sair do lugar. Sua origem é nebulosa, mas teria começado no século 14 num hospital psiquiátrico em Bimaristan Argham.


Post: Alex Merino

quarta-feira, 23 de maio de 2012

quarta-feira, 2 de maio de 2012

terça-feira, 1 de maio de 2012

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O indiano que está com o braço levantado há 38 anos

Em 1973 um indiano do nada resolve levantar o braço e nunca mais abaixar. E ele cumpre. Este é o estranho resumo da vida de Sadhu Amar Bharati. Após todo este tempo com o braço para cima, o braço de Sadduh é apenas rígido e ereto pedaço de osso recoberto de pele. A unha dele cresceu tanto que virou uma espécie de espiral. Veja a foto:


Até 1970, Amar Bharati era um indiano de classe média, que vivia uma vida normal. Ele tinha um emprego, uma esposa, uma casa e três filhos para criar. Um belo dia ele acordou e…

“Pã! Este ser humano executou uma operação ilegal e será fechado.”

Deu tela azul no maluco, meu. Desde este dia ele se converteu a seguidor do Deus Indu Shiva e saiu vagando pela beira das estradas com quase nenhuma roupa. Durante três anos que vagou por lá se tornando uma espécie de faquir, Amar Bharati diz ter conseguido tamanho contato com o mundo espiritual, que conseguia se desvincular quase completamente desta dimensão de prazer e sofrimento que estamos presos. Para demonstrar o poder na fé em Shiva, ele resolveu nunca mais abaixar o braço. Hoje, mesmo que quisesse ele não seria capaz de baixar o braço.


Para você ter uma ideia do que é a força de vontade de um homem tomado pela fé, levante seu braço e veja o quão desesperador pode se tornar a dor de mantê-lo na vertical por muito tempo. O indiano diz que no início a dor era insuportável, mas ele não cedeu. Hoje seu braço já não dói mais. Os ossos calcificaram e ele já não consegue mais dobrar o cotovelo.

FONTE:

POST: Alex Merino

Experiência sensorial.

É sem nenhum ator em cena que o diretor Denis Marleau constrói o espetáculo Os Cegos. A partir de projeções, a montagem da companhia Ubu Theatre, de Montreal, reproduz no palco os rostos dos atores, elimina sua presença física, e coloca em pauta os próprios limites entre o que é e o que não é teatro. Sentado em cima do palco, na penumbra, o público deve acompanhar de perto a agonia de um grupo de 12 cegos. Perdidos em uma floresta, eles não sabem que seu guia está morto, caído no chão, e acreditam que ele ainda voltará para buscá-los.


A produção, que passou pelo Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto na semana passada, retoma em nova chave a fábula simbolista escrita por Maurice Maeterlinck, em 1889. Em entrevista ao Estado, o diretor canadense conta que não se preocupa em definir seu trabalho como teatro e defende que, sem a interposição da presença dos atores, o espectador estará ainda mais livre para se projetar e se reconhecer no texto.

Você define o espetáculo como uma fantasmagoria tecnológica. Por quê? Você acredita que o próprio espectador é imerso nessa experiência fantasmagórica?

Esse subtítulo evoca as experiências do físico belga Robertson, que inventou o fantascópio no fim do século 18: uma espécie de lanterna mágica que projetava figuras fantasmagóricas que se moviam dentro de criptas obscuras. Maurice Maeterlinck, que falava constantemente da recordação nas suas primeiras obras, interessava-se muito por esses jogos pré-ótica do cinema. Em suas anotações, esse aspecto era frequentemente mencionado. Eu queria fazer justamente um jogo entre essa noção ilusionista e as novas tecnologias de hoje.

Como e por que você pensou em montar o texto dessa maneira, a partir de projeções? Você acredita que esse formato materializa, de certa maneira, a própria concepção simbolista de Maeterlinck?

Maeterlinck joga com sensações sutis e abre questões metafísicas sem solução. Além disso, implicitamente, ele põe em pauta a questão da representação: como mostrar em cena a espera existencial desses 12 cegos em uma floresta escura? O simbolismo de Maeterlinck coloca coisas muito concretas, baseadas em uma verdadeira humanidade, em uma espécie de privação da alma.

Você acredita que a experiência do teatro se mantenha mesmo sem a presença de atores em cena? Onde lhe parece estar essa fronteira entre o que é e o que não é teatro? Quais são as questões instauradas pela ausência de atores em cena?

Criei esse espetáculo no museu de arte contemporânea de Montreal. Nunca me perguntei se isso era teatro ou não. Tentei inventar uma forma que iria colocar em órbita toda a forma poética do texto, a voz mais próxima de seus abismos, suas sensações. Essa experiência me fez refletir sobre essa graça que pode se operar mesmo sem a presença do ator e que ainda assim não é cinema. Existe um verdadeiro encontro do espectador com uma dramaturgia, uma poética e um tipo de presença que se refere a ele mesmo, a sua própria posição, a sua solidão.

FONTE:

Post: Alex Merino

sábado, 3 de março de 2012

"O Ator Invisível"

“Posso ensinar a um jovem ator o movimento de apontar a lua, porém entre a ponta de seu dedo e a lua, a responsabilidade é dele”. E ele mesmo completa: – “O mais importante para mim é : será que o público viu a lua?” (Yoshi Oida - "O Ator Invisível")

Para Yoshi Oida o ator deve dar lugar a personagem de modo que o ator se torne “invisível”. Segundo ele, o importante não é notarmos a virtuose do ator em cena. O ideal seria simplesmente embarcarmos na história que é contada em um espetáculo, sem pararmos para analisar: "Puxa, como esse ator é bom!" Deveríamos esquecer que diante de nós existe um ator.

Post: Alex Merino

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Choi Xooang


Post: Alex Merino