sábado, 20 de julho de 2013

Impressões - Eliana Teruel


Prezado Sandro
Não te conheço pessoalmente, mas gostaria de te dizer que o espetáculo que vi hoje, 19/07, no Kasulo - Colonia Penal, foi de uma beleza desoladora...
A obra começa apresentando a "normalidade" do anormal, vai num crescendo que te embrulha o estômago, pois te fisga em um estranhamento que corrói por dentro; o torturador é um ser que come, bebe e vive um cotidiano que é o nosso, com o qual nos identificamos totalmente, enquanto o ser submisso deixa de ser, se coisifica, não só se acostuma à dor, mas faz dela sua relação com a vida, realmente tudo muito angustiante.
O elenco competentíssimo, todos eles, com destaque da atriz/bailarina que sofre a tortura, cujo fôlego e treinamento nos faz ficar sem ar e vivenciar um paradoxo: queremos ao mesmo tempo que tudo termine rápido e ao mesmo tempo que não termine nunca.
Realmente um trabalho orgânico de grande importância nestes dias em que a sociedade respalda a violência cometida com quem não se parece à ela. Um corpo que se entrega para ser devorado, devoradores à procura de novos corpos-coisa.
Tudo muito impactante, tudo muito real.
Parabéns!

Eliana Teruel, atriz

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Impressões - Vanessa Macedo

Um relato sobre Colônia Penal, da Cia Borelli

Cada vez que vou ao teatro tenho o desejo de ser capturada. Não sei exatamente para que lugar, mas conheço a sua potência em nos invadir. Isso tem sido coisa rara, muito rara. Por isso tive vontade de falar e agradecer à Cia Borelli pelo trabalho Colônia Penal. 

São lágrimas secas que chegam sem avisar e não fazem alarde. Ao que tudo indica, contradizendo algumas fortes tendências da arte contemporânea, talvez possamos dizer que essa obra se constrói numa narrativa linear, ou até mesmo literal. Isso porque tem um foco claro, dispensa release, conversa pós-espetáculo, ou o famoso “não entendi nada”, daqueles que não se sentem contemplados ao assistir dança contemporânea. Talvez não nos dê aquela sensação de múltiplas possibilidades de interpretação, como estamos nos acostumando a ter (até quando não reconhecemos possibilidade alguma). O que nos permite são várias portas de acesso a questionamentos sobre nós, seres humanos. Não só o sentimento de indignação, mas o sentimento de dor por nos reconhecermos ou nos estranharmos como parte dessa sociedade em que vivemos. Obrigada Sandro e Cia pela invasão no meu íntimo, pela ruptura sem anestesia.... tão necessária para nos sentirmos vivos.

Vanessa Macedo
07 07 2013

sábado, 6 de julho de 2013