sábado, 8 de janeiro de 2011

Único Remédio

(Saturno devorando um filho - 1819, Goya)


Como a chama que sobe e que se apaga,
Sobem as vidas a espiral do Inferno.
O desespero é como o fogo eterno
Que o campo quieto em convulsões alaga...

Tudo é veneno, tudo cardo e praga!
E as almas que têm sêde de falerno
Bebem apenas o licor moderno
Do tédio pessimista que as esmaga.

Mas a caveira vem se aproximando,
Vem exótica e nua, vem dançando,
No estrambotismo lúgubre vem vindo.

E tudo acaba então no horror insano
- Desespero do Inferno e tédio humano -
Quando, de esquelha, a Morte surge rindo...

(Cruz e Souza)






Post. Jonathan

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