quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A Balada da Menina Afogada

Bertolt Brecht e Kurt Weill
Versão: Tatiana Belinky


Quando ela se afogou e flutuou
Dos ribeirões para os rios maiores
Luz estranha de opala no céu brilhou
Como se quisesse embalar o cadáver


Alga e líquem nela se enroscou
E o corpo ficou cada vez mais pesado
Frios peixes roçavam-lhe pelas pernas
Plantas e bichos tolhiam seu último flutuar

E à tarde o céu triste escureceu
Qual fumaça encobriu a luz das estrelas
Mas cedo clareou para que também
Ainda houvesse mais uma manhã para ela


Quando o pálido corpo n’água apodreceu
Deus então devagar a esqueceu pouco a pouco
Primeiro seu rosto, suas mãos e o cabelo por fim
E ela fez-se carniça em rios de carniça



post: maíra barbosa
créditos: mari molinos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.