quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Retrato Falado do Guerrilheiro

Documentário de Silvio Tendler narra a história do guerrilheiro baiano Carlos Marighella.


Quando questionado sobre quem ele era, Carlos Marighella respondia que era apenas um mulato baiano. Mas o documentário Marighella, Retrato Falado do Guerrilheiro, dirigido por Silvio Tendler, mostra muito mais que um mulato baiano ao traçar um panorama da vida desse homem polêmico e militante comunista, que foi um dos líderes da luta armada contra a ditadura militar no Brasil. 

Com narração do ator Othon Bastos, o documentário é guiado por depoimentos de pessoas que conviveram com Marighella e o ajudaram em suas lutas. A produção é pontuada por imagens de arquivo de fatos históricos e gravações de falas desse que foi um dos principais líderes políticos do Partido Comunista. 

Nascido em 5 de dezembro de 1911, em Salvador – BA, Marighella cursou engenharia, mas não concluiu o curso, preferiu se dedicar ao serviço militar. Sua viúva, Clara Charf, o define como poeta, estudioso, rebelde, brincalhão, duro e coerente. Para o advogado Takao Amano, Marighella representa uma síntese de todo processo de luta. "Desde a luta contra o colonialismo, depois os negros, os índios e a classe operária", explica. 
  
O documentário aborda a adesão de Marighella ao Partido Comunista em 1932; a sua prisão e tortura em maio de 1936, devido ao fracasso da insurreição comunista ocorrida em novembro de 1935; a legalidade, por pouco tempo, do Partido Comunista após a queda da ditadura de Getúlio Vargas e o fim do Estado Novo; a eleição de Marighella para deputado constituinte em 1946; e o seu retorno à clandestinidade logo depois que o Partido Comunista foi cassado. 
  
O documentário relembra o choro de Marighella ao saber dos crimes cometidos pelo governo de Josef Stalin, na Rússia, considerado por ele como um exemplo para todos do Partido Comunista. Após a instauração do regime ditatorial no Brasil, em 1964, Marighella é preso, reage e é atingido com um tiro no peito.  Sobrevive e, ao ser libertado, denuncia a violência sofrida aos jornais, e escreve o livro Porque Resisti à Prisão, pregando a resistência à ditadura militar. 
  
A produção recorda as lutas de independência ocorridas nos anos 50 e 60, em continentes como a Ásia e a África e em regiões como a América Latina. Além da independência da Argélia e a Revolução Cubana, fatos estes que mais impressionaram Marighella, que viu ali a luta armada como alternativa para conquista do poder. Destaca o movimento operário, que foi severamente reprimido no Brasil em 1964, tornando expressiva a presença de estudantes na segunda metade dos anos 60; e uma reunião de bispos na cidade de Medelin, na Colombia, pela Organizacion  Latinoamericana de Solidariedad, em 1968, que discutiram questões da América Latina, como a possível necessidade de uma luta armada contra os regimes autoritários. 
  
O documentário apresenta gravação de uma entrevista concebida por Marighella à Rádio Havana, em Cuba, na qual ele defende a luta armada. Depoimentos contam que, ao retornar de Cuba para o Brasil, Marighella é afastado do Comitê Central do Partido Comunista, o que o leva a preparar uma luta armada por meio de uma organização independente. Resolveu então ir em busca de jovens estudantes e velhos comunistas e criou a Ação Libertadora Nacional – ALM, primeira organização armada após o Golpe de 1964. 
              
Outros fatos, como o treinamento com armas feito pelo Grupo Tático Armado (GTA), responsável por abalos na política; o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, apoiado por Marighella, apesar de acreditar que aquele não seria o momento; e a morte deste guerrilheiro em 4 de novembro de 1969, aos 58 anos de idade, também estão no documentário "Marighella, Retrato Falado do Guerrilheiro". Com trilha sonora do maestro Eduardo Camenietzki e interpretação de Ithamara Koorax, o filme mostra arranjo repaginado para o hino socialista Internacional Comunista, além de poesias feitas por Marighella, musicadas. 
  
  
Entrevistados: Clara Charf, esposa; Tereza Marighella, irmã; Carlos Eugênio Paz, ouvidor do trabalho; Antonio Flávio Médici, amigo, aposentado; Ana Montenegro, funcionária pública federal; Takao Amano, advogado; Jacob Gorender, historiador e jornalista; Noé Gertel, amigo; Apolônio; Frei Oswaldo Rezende O. P., frade dominicano; Gilberto Luciano Belloque, administrador; Frei Fernando de Brito O. P., frade dominicano; Regis Debray, escritor; Carlos Fayal, cirurgião dentista; Maria Luiza Locatelli Belloque, pedagoga; Ivo Lesbaupin; ex-frei dominicano e sociólogo; Guiomar Silva Lopes, médica; Manoel Cyrillo de Oliveira Netto, publicitário; Genésio Homem de Oliveira, aposentado; Emiliano José, jornalista e escritor; Rose Nogueira, jornalista. 

FONTE: http://blog.lineup.net.br/2012/02/documentario-de-silvio-tendler-narra.html

http://youtu.be/PL7g1bT0_xg

LINK PARA DOWNLOAD DO DOCUMENTÁRIO:
http://filmespoliticos.blogspot.com.br/2011/11/marighella-retrato-falado-do.html

LEIAM TAMBÉM A ENTREVISTA DE SILVIO TENDLER À REVISTA DE HISTÓRIA:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/entrevista/silvio-tendler
“Eu diria que despontei para a vida lá pelos meus 14 anos, em plena ditadura militar. E, naquela época, era preciso fazer determinadas escolhas”. Ele fez as dele. Tornou-se cinéfilo, presidente do movimento cineclubista e um apaixonado pela história do país.

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