sexta-feira, 29 de julho de 2011

A observação dos impulsos para um estado contínuo de presença

A observação dos impulsos para um estado contínuo
de presença – a conexão do ator com o momento
presente.
Por Mônica Dutra e Mello Emilio
O diretor polonês Jerzy Grotówski (1933-1998) buscava em seu trabalho uma corrente básica
de vida, que seria um estado propício à criação, e que está relacionado “(...) a uma corrente
quase biológica de impulsos, que vêm do “interior” e vai em direção à realização de uma ação
precisa.” 1 O ator, para Grotówski, deve se encontrar nesse estado, nessa corrente básica de
vida, para favorecer o ato de criação. É natural que pensemos que um ator que se encontre
nessa corrente básica de vida mantém um estado contínuo de presença.
Como suspeitamos que essas ausências do momento presente que ocorrem no ator são
possivelmente involuntárias e como o impulso é algo que nos parece fora do domínio do ator,
imaginamos que a realização de um exercício de aquecimento, em que o ator entre em contato
com os impulsos interiores que o levam à ação, possa ajudá-lo a manter-se conectado com o
momento presente durante a atuação. Levando-se em consideração que durante o aquecimento
ele estará trabalhando em estado de concentração e de observação favorável a sensibilização
de todo o seu corpo. Um determinado tipo de exercício de aquecimento, como se verá a
seguir, é objeto desta pesquisa.
Sabemos que para estar em cena, o ator necessita de um corpo quente, vivo, pronto para
representar. Para isso, é preciso preparar-se para a atuação, entrar no estado de pré-atuação. É
claro que um corpo apto para entrar em cena requer um trabalho anterior que envolve tempo
de estudo e dedicação. Todavia, entendemos que o modo como o ator aquece seu corpo
momentos antes do espetáculo pode, ou não, ser eficiente para colocar-se em estado de
representação.

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